domingo, 23 de maio de 2010

Quem é esse senhor?

Em 1983, recém-chegado ao mercado de trabalho, recebi o 13º mês, pagando um imposto excepcional de 28%. Talvez por ser o meu primeiro 13º mês, não senti a austeridade da medida! Vinte e sete anos passaram desde então e vivemos hoje tempos de incerteza e angústia, que julgávamos não ser mais possível.
Especialistas nas áreas das finanças e economia não se cansam de comentar e apontar erros para o que se passou.
Medina Carreira, ministro das finanças no 1º governo constitucional (1976) refere a “falta de Portugal preparação para entrar na Comunidade Europeia”. Portugal assinou o acordo de adesão à CE em Junho de 1985…
Miguel Cadilhe, recordam-se que ganhava 55 mil euros por dia no BPN, ministro das finanças no governo de Cavaco Silva (1985), fez uma análise uma análise do PEC com vários "puxões de orelha" ao governo, considerando que o plano vai "contra a corrente do que deveria ser" e fica "muito aquém do desejável" para uma boa sustentabilidade das finanças públicas.
Miguel Beleza, ex ministro das finanças do governo de Cavaco Silva (1990) é peremptório a afirmar que o “aumento descontrolado da dívida externa” é o principal “factor de vulnerabilidade” da economia nacional.
Mira Amaral, antigo ministro da Indústria do mesmo governo de Cavaco Silva, põe o dedo na ferida responsabilizando pela crise, aqueles que proporcionaram um “crescimento desgovernado do número de funcionários públicos”.
Jorge Braga de Macedo, ministro das finanças que em 1991 substituiu Miguel Beleza, fazia então um diagnóstico de Portugal era, face à conjuntura,como sendo um “oásis”.
Eduardo Catroga, que substituiu Braga de Macedo, entende que o “maior problema de Portugal não é o défice, mas o crescimento económico e a reestruturação da dívida pública”.
Pina de Moura, ministro da economia primeiro e depois acumulando com as finanças nos governos de António Guterres, avisou recentemente que “há um limite que decorre da escassez de recursos disponíveis que torna incomportável a continuação do crescimento da despesa pública”.
Manuela Ferreira Leite, ministra das finanças entre 2002 e 2004, ciosa do cumprimento do pacto de estabilidade e crescimento, recorre consecutivamente por 3 vezes a receitas extraordinárias, chegando a vender créditos fiscais ao Citigroup! Hoje (2010), explica que “o problema não está nas medidas que agora estão no PEC mas sim nas políticas seguidas que originaram a necessidade do PEC”.
Bagão Félix, depois de ter sido ministro e secretário de estado de várias pastas em governos, foi ministro das finanças do governo de Santana Lopes. Hoje, Maio de 2010, achaca à “debilidade das exportações nacionais” como “condicionante” do nosso crescimento, dizendo que “o défice é apenas uma pequena fotografia, o endividamento é que é o filme”. Como responsável para esta crise, avança apenas um “O Estado”!
Responsável? O Estado? Quem é esse senhor?

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