terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Resveratrol? A mim que seja em...


Beber vinho faz bem à saúde! Principalmente se for tinto.
De uns tempos a esta parte, os benefícios do consumo, moderado, de vinho tem sido notícia em toda a imprensa. Coisa que não se soubesse, principalmente por aqueles que toda a vida beberam vinho. Pena que o Doutor Salazar não o soubesse, porque então, beber vinho teria dado não só o pão, mas também saúde a um milhão de portugueses!
A introdução de bebidas raras no consumo dos portugueses, ao exemplo da cerveja e whisky, relegou o consumo de vinho para aqueles que sem saberem de toda a parafernália de termos que garantem a bondade do vinho, o bebiam por ser o que havia e se produzia na sua terra! Na minha “zona”, ainda havia o “fino” para os ricos, porque os demais bebiam do “churro”, que ao que parece é hoje o tal que faz bem à saúde…Tascos, adegas, lagares eram os sítios de convívio, sem se saber que se estava a tratar da saúde! Apesar de então serem considerados lugares, simplesmente, de borrachice!
Afinal ao fim de tantos anos, beber vinho faz bem à saúde! Aliás beber vinho deixou de ser socialmente condenável! Antes passou a ser elegante e de grande glamour passear pelas vernissages, de copo na mão! Beber vinho, passou a ser um novo estilo de vida, de forma de estar, de cultura, daqueles que antes não se inibiam de com altivez chamar borracho àquele que bebia vinho. Ah bem! Não sabiam beber! Bebiam por beber! Alguns, rapidamente, frequentaram cursos breves de enologia, acções de formação a preços reduzidos e subsidiadas pelo Fundo Social europeu, sessões de provas, de preferência grátis, para aprender a fazer girar o vinho no copo, a olfactear, e principalmente, entre sorvo e sorvo, a dizer palavras com ar de conhecimento enciclopédico: monovarietal, ousado, pleno de fulgor, notas de frutos vermelhos, chocolate ou baunilha, com um final de boca… E tudo isto porquê?
Há já alguns anos veio a saber-se que as propriedades benéficas do vinho, que não fora o seu teor em álcool, quase fizeram dele um “alimento funcional”, advinham do seu conteúdo em polifenois (taninos, flavonas e ácidos fenólicos), compostos de grande interesse para a saúde humana. O resveratrol, que está presente na casca e grainha da uva, pode ajudar a diminuir os níveis do “colesterol mau” (LDL), aumentar os níveis de “colesterol bom”   (HDL), reduzir o risco de doenças cardiovasculares e é hoje comercializado e conhecido como “comprimidos de vinho tinto”, circunstância que parece ter trazido grandes expectativas comerciais à região duriense, conforme opinião do presidente da União das Adegas Cooperativas da Região Demarcada do Douro.
Com tudo isto ainda corremos o risco de ver as adegas transformadas em laboratórios de produtos farmacêuticos e os vulgares tascos em farmácias, onde em vez de um copo de vinho será pedida uma dose de resveratrol! Nesse caso, não aceitarei ver o meu medicamento ser substituído por qualquer genérico! Pela parte que me toca continuarei a tomar as minhas doses de resveratrol em vinho.
Por outras palavras, direi a quem me servir: a mim, o resveratrol traga-mo em vinho…

3 comentários:

  1. Abaixo os genéricos, sejam tintos ou brancos.

    Abraço

    ResponderExcluir
  2. Tascas permitem que clientes fumem cigarros electrónicos e oferecem ainda copos de tinto electrónicos e copos de bagaço electrónico

    http://inimigo.publico.pt/Noticia/Detail/1482192

    ResponderExcluir