terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Um golpe de vista!



O Xico Cereja, também conhecido por Cerejinha, apodo que herdou do seu pai, era a típica figura popular, brejeira, tunante e satírica quanto bastasse, da cidade de Vila Real. Todos o conheciam e a grande maioria contribuía com as quotas que ele eficazmente cobrava, dizendo “não vai nada Sr. Engenheiro”, ao mesmo tempo que estendia a palma da mão. Sim, era das pessoas que melhor soube entender e interpretar a nossa sociedade. A todos tratava por “Sr. Engenheiro”, trato que as pessoas agradeciam, principalmente aqueles que o não eram…

Quando chegou o 25 de Abril, pronto assumiu a postura de independente, que com grande visão sua, lhe trazia a necessária transversalidade para agradar a todos. Tal como é hoje a forma de estar na política, característica daqueles que ocupam o espaço conhecido como “bloco central”, podendo ser ministros, secretários, presidentes de câmara ou mesmo de junta de freguesia, ou seja lá do que for, tanto de uns como dos outros! São gente de fácil e grande adaptabilidade, sobrevivem em qualquer situação, resistem a todas as crises e sabem sempre sair sem serem notados!

Hoje mais de trinta anos passados, tendo sido um espectador atento do evoluir da nossa sociedade e vida politica portuguesa, tenho de reconhecer que a pessoa que melhor a retratou foi o Xico Cereja, quando com a sua naturalidade me dizia: … oh Sr. Eng. isto (referindo-se ao 25 de Abril) não foi um golpe de estado! Foi um golpe de vista.

Tinhas razão Xico! Isto foi um grande golpe de vista…

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