domingo, 28 de novembro de 2010

Lição


O meu irmão e eu crescemos a ver o nosso pai a contar dinheiro! Nos longos serões de inverno, a ouvir rádio na emissora nacional, numa mesa camilha, sob a qual de quando em vez a minha mãe mexia as brasas, o meu pai contava notas e mais notas. Desde muito cedo que conheci as diferentes notas e o seu valor, incluindo as notas de “olho-de-boi”, de mil escudos, infelizmente desconhecidas para muitos, como hoje o são as de 200 e 500 euros…
Também cedo aprendemos que o dinheiro não era dele! Bastariam, uns simples 500 ou 600 escudos para satisfazer o nosso desejo de ter uma bicicleta…
Um dia, quando poupamosm o suficiente, perguntou-nos: “Que preferis? Uma bicicleta ou sair, ir para a praia, viajar conhecer?
Preferimos sair, viajar, conhecer e aprender a ver para além da nossa sombra…
Assim se vive, com a dignidade de levar sempre, até na morte, a cabeça bem levantada…
Bem hajas pai!

Um comentário:

  1. O que realmente nos pertence é excessivo para o fundo de um bolso, mas é de facto o que não nos roubam.

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