40 anos depois do 25 de Abril foi
possível ver uma maioria de esquerda derrotar a política ultrajante de um
governo cabotino, hipócrita, velhaco e socialmente insensível.
Jamais esqueceremos que ao mesmo
tempo que nos exigiam sacrifícios, nos subtraiam subsídios de férias e 13º mês,
prestações sociais e direitos ao acesso ao serviço nacional de saúde, nos
taxavam com um “brutal aumento de impostos” e nos pediam para não sermos piegas e se dizia aos jovens,
desempregados e professores para “abandonarem a sua zona de conforto”, como se
viver, crescer e querer trabalhar no país em que se nasceu fosse um privilégio
de viver numa zona de conforto.
Um primeiro ministro e um governo com uma agenda ao serviço dos principais grupos
financeiros, com uma retórica de prevaricação — na melhor figura da fábula de Pedro e o lobo de La Fountaine
— enganaram os portugueses, com embustes como o de “estarmos a viver a cima das suas
possibilidades”, convencendo os mais pobres de que a pobreza em que vivem é
culpa sua, e a de que quem ganhou muito
dinheiro e continua a ganhar de certeza que o mereceram porque se esforçaram o
suficiente, tornando — numa só palavra — a vida mais fácil para os poderosos
(digo bancos e agências financeiras) que apesar da crise, ficaram ainda mais poderosos
e ricos... e são hoje, vergonhosamente, entidades empregadoras daqueles que enquanto governantes os serviram fielmente.
Invadiram a administração pública
com dirigentes selecionados em putativos concursos de mérito, nos quais só eram
aprovados os seus acólitos, usufruindo dos direitos, que em nome da austeridade,
tinham sido roubados aos demais funcionários públicos.
A um governo que prometeu “cortar
nas gorduras” engordou os mais gordos, a um primeiro ministro que mentiu dizendo
antes de ir para o governo: "O PSD
chumbou o PEC 4 porque tem de se dizer basta: a austeridade não pode incidir
sempre no aumento de impostos e no corte de rendimento."; "Já ouvi
dizer que o PSD quer acabar com o 13.º mês, mas nós nunca falámos disso e é um
disparate."
não poderia haver outra resposta que aquela
que foi dada com a maioria de esquerda, que aprovou um orçamento, que não sendo
o desejado, conseguiu surpreender e derrotar os
desejos de uma direita cabotina e ressabiada.
Ao final a “geringonça” funcionou e
ao fim de 4 orçamentos autocráticos, foi aprovado um que cumpre a constituição,
inverte o sentido único da austeridade imposta e que cumpre com os compromissos
europeu sem a ignóbil subserviência e
servilidade de Passos Coelho e do seu irrevogável
Paulo Portas, que qual tartufo entre lágrimas de crocodilo deu já às de Vila
Diogo, entregando o partido a uma apurada Assunção Cristas. Ao final a nossa geringonça é melhor que a geringonça deles que irrevogavelmente faliu e se desfez.
Orçamento que teve o PSD
a votar contra as propostas do OE de 2016 de devolução da sobretaxa, reposição
integral dos salários, aumento do complemento solidário para idosos, aumento do
rendimento social de inserção, aumento do abono de família, aumento do subsidio
social de desemprego, gratuitidade dos manuais escolares, alargamento da tarifa
social energética e redução do IMI. Já explicará Passos Coelho como pretende marcar a agenda política, legislativa e
mediática com iniciativas em áreas como o combate às desigualdades sociais,
o combate aos privilégios, conforme
anunciou na sua recandidatura à eleição de presidente do PSD.
Estamos hoje a discutir estratégia
para o distrito. Propõe-se ganhar o
futuro com o PS. Ganhar o futuro em uma região que quase o perdeu. Que
assistiu os últimos anos a ser votada ao ostracismo, contrariando internamente
os princípios da subsidiariedade e da proporcionalidade que presidem hoje à
construção europeia. Uma região que envelheceu e viu partir os seus filhos sem
perspectiva de voltarem.
Será possível ainda ganhar o
futuro?
Propõe-se renovação, responsabilização, participação. Afirma-se convictamente
que na política “não somos todos iguais”.
Saibamos, pois, renovar,
participando e responsabilizando. Mostremos então que não somos iguais.
Saibamos marcar a diferença e ganhar a confiança. Só assim ganharemos o
futuro...
“Com o PS para ganhar o futuro”? a
moção de estratégia global que tem como primeiro Carlos Guerra, permitam-me a
confidência, de alguém com a provecta idade e a caminho de “obter a triste
tranquilidade do incrédulo político” na palavra de Tomasi di Lampedusa: “Se
queremos que tudo fique como está, é preciso que tudo mude“
Alfredo Teixeira
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